29.7.10

À saída do cinema



Estou aqui a olhar para as tuas mãos
e de súbito tudo fica silencioso
os livros na sala ao lado
a máquina do café.

Há uma areia nas palavras
um cais onde se inclinamos a face
a dor emerge como um vento.

À saída do cinema pedi-te o telemóvel
para dizer que iria chegar atrasado
demasiado cedo para o que queria: beijar-te
distante dos difíceis campos devolutos,
atrás da árvore,
o cabelo espelhado na represa.


Jorge Gomes Miranda