9.7.10

Poema número doze


Cais de cimento, hoje em ruínas
(ano de 2002)


Ferros polidos,
corrimão sem fim,
gasolinas atracados,
marujos escadaria
subindo...
Nossos bolsos
mancarra quente
queimando,
canelas com feridas
nas ondas sarando,
melado zimbrão
no botequim
a litro comprado...
Farol no ilhéu
piscando...
Luzes de vapores
horizonte azulado
riscando...
Ondas mansas
escadas acima
lambendo,
catraeiros,
no botes
verduras
metendo,
negócio na baía
procurando...
cigarros da estranja,
calças de ganga coçada,
vazias latas de biscoitos,
nos salões servidos...
Ao longe,
baloiçando,
botes vazios,
negros faluchos,
fantasmas,
contrabandistas,
lanchas de carvão,
lampiões,
no espelho de cristal
reflectidos...
Brilhantes pontinhos ...


Adriano Gominho
Cabo Verde