9.11.08

Uma fonte, uma asa...

s-vouga

Os anos passam… Já vai sendo tempo
De pensar na Viagem.
Irei bem ou enganei-me? Este caminho
É verdade ou miragem?

Procuro em vão sinais. Em vão persigo
As horas silenciosas.
De olhos abertos, cega, vou andando
Sobre espinhos e rosas.

Errada ou certa é longa a caminhada,
Longo o deserto em brasa.
Ah, não fora, Senhor, esta esperança
De uma fonte, uma asa!

Fonte, Senhor, que mate a longa sede
Desta longa subida.
Asa que ampare o derradeiro passo
No limite da vida.

Ah, Senhor, que mesquinhas as palavras!
Vida ou morte, que importa?
Para entrar e sair a porta é a mesma:
Senhor, abre-me a porta!

Fernanda de Castro