1.
Nada está prescrito, nada se cumpre como um destino. A anterioridade
situa-se diante de um olhar que a atravessa e a transforma na possibilidade
do acto de ser um puro começo. Cada palavra consuma o
seu início no extremo de si própria e deixa o campo intacto para a
liberdade do sopro anónimo e dos nomes novos no seu espaço aberto.
2.
A relação do ser e do horizonte é circular. É talvez o aberto que cria o
horizonte, é talvez a respiração que abre o mundo. Mas o alento não
poderia romper sem a linha pura do horizonte e a lâmpada da respiração
não se acenderia se o mundo não fosse já o extenso mundo do aberto.
Por isso a escuta é a espera vazia aberta ao tempo e à possibilidade
de uma palavra livre mais fi el à simplicidade nova de um começo.
António Ramos Rosa