“Eu não quero coca-cola!”
- Cantei, velho, na Bahia. -
E agora já quero cola,
Mais velho, que me sentia…
Co o tempo o bom senso rola.
Que alto mistério do gosto
Me coca, cocando a cola,
Tão velho, às portas de Agosto?
Será que cola sem coca
Ao velhote amarga menos?
Ou sou alérgico à coca
Como David o é aos fenos?
Em todo o caso, é suspeito
(Digo-o sem graça nem ódio):
Não tem juízo nem jeito
Este meu câmbio serôdio.
Bem dizia Moura a Ortega,
Ambos já em cinza ou “cenra”
(Filtra o velho, a ver de pega…);
“A burro velho, erva tenra”.
Vitorino Nemésio