R. B.
E repito constantemente coisas datas e palavras
Nas tuas praias e nos teus livros respiro os poemas
Como se fosse possível eu compreender tudo
Escrevo-te cartas que não chego nunca a pôr no correio
Não sei a tua actual direcção nem saberei
Se mesmo tendo direcção gostarias de as receber
Ou se a leitura te poderia provocar alguma alegria
Escrevo-te cartas e demoro-me com medo na tarde
Quando o céu se transforma numa nuvem cinzenta
Que se abre como se fosse a boca de alguém
À procura das palavras soletradas pela morte
Ruy Belo