28.9.08

Alvorada



(um canto de confiança)

Sobre ti,
com o sangue
e a tristeza que nasceu em nós,
desce a luz do dia que se faz.
Como morre na terra a vida,
para que outras vidas germinem ao sol,
como se entrega crepitando ao fogo
o ramo forte da árvore,
assim,
vida e calor,
grito novo de esperança,
chegas tu, no mistério do luto.
E ainda doloridas
te oferecemos as nossas mãos trabalhadoras,
vermelhos e tristes
te entregaremos os nossos olhos vigilantes,
e as nossas vidas de combatentes
mil vezes serão tuas,
no grito novo e enorme
como o flutuar da bandeira que içaste:
A luta continua


e sobre ti,
com a tristeza de manhã de Fevereiro,
com a esperança do Sol que nasce,
com a força imensa da vida
que cresce no ventre da mulher,
sobre ti,
desce a confiança do partido e do povo.
A ti,
reivindicamos a purificação e vingança
que o nosso sentido de justiça exige,
queremos um fogo ainda maior
que ao marulhar das ondas do Índico
respondam os canhões da esperança,
que o limpopo transporte convulsivas
as carcaças de pontes,
que o Zambebe se transforme em Rovuma de Maputo
e a tua mensagem
faça de nós ciclone devastando o inimigo.
E queremos
no amor que te damos,
na fé em que te envolvemos,
que nos transportes ao futuro
e faças da esperança das buganvílias
grite alegria na pátria
e o sangue se torne apenas recordação.
À Pátria que ele nos deixou
deves acrescentar a revolução que a bomba
deixou incompleta
e de nosso grito
Independência ou morte
queremos construída
a realidade do
Venceremos


Sérgio Vieira
Moçambique