Náufrago: em tua
vida oculta
se anuncia a luz.
Desenterrada
da sombra
uma nova alegria.
No silencioso ar
gritam os mortos
é aqui a terra.
Mas teu rosto
quebra o tédio imutável
o obscuro dialecto.
Despertas-me, escuto
o mar, o vento,
transparente como a noite.
Na semente dispersa
brota a memória
de uma dócil casa
conhecedora já
dos dramas do universo.
Ana Marques Gastão