Branca a luz da madrugada, universal, luz
que se dilue na fantasia, em filigrana,
da memória, moura e manuelina, luz nua
que beija a sepultura branca e muda
como o mármore nu onde se lê seu nome...
Branca e secreta a luz, génese do inventado
espaço, escravas da sedução e rainhas,
agonias nas órbitas tácteis do seu corpo
Notas musicais, perversos amores e sabres
no meu calacute, índico, lúdico, olhar ficcionado
luz branca do meu inconsciente, textual enigma
Eu entro na sepultura como o desejado
príncipe, vulnerável aquele fugaz instante
em que seu corpo morto desperta em sobressalto
Virgílio de Lemos
Moçambique
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