Alguém dizia baixinho:
"Lady Ana, chegou a sua vez"
E nas promenades da cidade
Eu via passar o meu tempo
Calmamente
Enquanto seguia de mãos dadas
Com o meu sonho
Via Alexandre O'Neill
passeando uma baguette
debaixo do braço
E Paris eufórica metida
nas suas montras de fantasias
atravessando os boulevards,
O Sena marulhando suas águas turvas
Música e pintura nos parques
Alguém lamenta o choro de Pierrot
exclamando:
"Bonjour tristesse
Tu n'est pas seul
Je suis ta soeur"
Caem gotas dos meus olhos
orvalhando a terra
lembranças virgens do passado
humedecendo meu passado
humedecendo meu semblante parisiense
Ana Júlia Macedo Sança (Cabo Verde)