6.1.08

Para lá daquela curva




Para lá daquela curva
os espíritos ancestrais me esperam.

Breve, muito breve
tomarei o meu lugar entre os antepassados

À terra deixarei os despojos do meu corpo inútil
as unhas de todos os labores
este invólucro sulcado pela aranha dos dias

Enquanto não falo a voz do nyanga
cada aurora é uma vitória
saúdo-a com o riso irreverente do meu secreto triunfo

Oyo, oyo, vida!
Para lá daquela curva
os espíritos ancestrais me esperam.


Noémia de Sousa
Moçambique