15.10.11

Como são belos


Como são belos os teus seios!
Foram feitos
à medida das minhas mãos.
Pousa-os
na minha boca e conta-me
a tua história.
Não tens história?
Não tens noite nem vazio nem praia
branca?
Fala-me então
do sol, da migração dos pássaros, da mansidão
das estrelas - fala-me de ti antes de possuíres
um nome, uma história.
Sim
em qualquer parte
lançaremos os nossos corpos na relva;
alfaias efémeras; armas exíguas
ardidas na guerra.
Como são belos os teus seios!
Trémulas palavras.
Deixa que neles eu me queime como quem
se deita num rio.
Sinto a terra mover-se.
Iluminas as águas e as estrelas.
O percurso é longo.
O silêncio montanhoso.
Debruço-me
na tua solidão.


Casimiro de Brito