27.11.09

Minha ilha, minha prisão



Minha ilha, meu paraíso imaginário, meu mundo
Minha ilha tão bela com o seu solo seco, imundo
Minha ilha sem ribeiros sem chuva sem Inverno
Minha ilha que me enclausura como num inferno

Minha ilha de fortes tentáculos tão imprevisíveis
Como sórdidos, também sabidos, imperceptíveis.
Ilha que segurou definitivamente o meu coração
Que não me doou uma alternativa ou compaixão

Ilha com as colinas e o seu Monte que é de Cara
Sua gente dedicada e resignada que nunca pára
O seu Porto que foi Grande e muito frequentado
Eu, meu corpo aqui meu espírito lá acorrentado.

Ilha com as praias de areia branca de rara beleza
Com seu céu azul e o mar límpido de anil e pureza
Das tamareiras e coqueiros mirrados por esse sol
Tropical, abrasador mas salutar, sem outro igual.

Minha ilha de terra vermelha que gera animação
De múltiplos sortilégios, de actividade de vulcão
Minha ilha que favorece bom convívio e evasão.
É assim a minha ilha, minha sempiterna prisão.


Valdemar Pereira
Cabo Verde