28.10.07


A orelha de Vincent


Nem as cigarras, nem os flancos
acesos das searas,
nem a pensativa cor dos lírios
ou mesmo a bárbara
luz do sul têm agora
morada no seu coração;
como falcão ferido
a orelha não pára de sangrar;
sangra de amor, do negro e tresloucado
e transbordante amor do mundo,
e desprevenido e magoado.


Eugénio de Andrade