17.2.10

É à tarde



É à tarde,
Quando o sol s’esconde e fina,
Mas fica
- sem luz já,
Com os olhos apalpando o Ténue –
Alguma claridade inda
Que gosto de pensar:
– sob o derramamento lento do espírito –
Súbito em algo se rompe,
Fazendo rebentar – além – o próprio vácuo.
O vácuo só lá longe é real. À nossa ilharga nunca!
É nesta hora que,
Hasteados os ombros sobre os últimos píncaros da sombra,
O sol e a solidão – arrimados aos horizontes – s’encontram.

S’encontram
E me deixam sózinho
– universalmente sózinho –
Entre a luz e as trevas
– como sombra perfeita e inominável do Esquecimento.


Valentinous Velhinho
Cabo Verde