Palavras

Habito por de dentro 
das palavras 
com tectos de saliva 
e quartos grandes 
na união total 
e Humidade 
do deslizar a vida 
na garganta 
habito as manhãs 
a cor - o tempo 
a curva adocicada da vontade 
aquilo que se prende 
e apreendo 
aquilo que desfaço 
e não disfarço 
Depois a vastidão 
o riso e o sossego 
sossego sem ser paz 
nem aventura 
Respiro o que não tenho 
nem viagem 
habito o que descubro 
e a cidade 
O corpo 
a revolta 
a pele os membros
 
O ritual interno 
e a ternura 
E se as palavras tenho 
como armas 
moldando-as uma a uma 
conscientemente 
é de habitá-las hoje 
que suponho não mais poder 
usá-las conivente 
Maria Teresa Horta