
1 
Quando seu Silva Costa 
Chegou na ilha 
Trouxe uma garrafa de aguardente 
Para o primeiro comércio. 
A terra era tão vasta 
Havia tanto calor 
Que a água 
Parecia não ter potência 
Para acalmar a sede da sua garganta. 
Seu Silva Costa 
Bebeu metade... 
E sua garganta ganhou palavra 
Para o primeiro comércio. 
2 
A lua batendo nos palmares 
Tem carícias de sonho 
Nos olhos de Sam Márinha. 
Silêncio! 
O mar batendo nas rochas 
È o eco da ilha. 
Silêncio! 
Lá no longe 
Soluçam as cubatas 
Batidas dum luar sem sonho. 
Silêncio! 
No canto da rua 
Os brancos estão fazendo negócio 
A golpes de champagne! 
3 
Mãe Negra contou: 
"eu disse: 
filhinho 
beba isso coisa não... 
Filhinho riu tanto tanto!..." 
Nhá Rita calou-se. 
Só os olhos e as rugas 
Estremeceram um sorriso longínquo. 
- E depois Mãe-Negra? 
"Oh! 
Filhinho 
Entrou no vinhateiro 
Vinhateiro entrou nele..." 
Os olhos de nhá Rita 
Estão avermelhando de tristeza. 
"Hum! 
Filhinho 
Ficou esquecendo sua mãe!
"A poesia é o eco da melodia do universo no coração dos humanos." Rabindranath Tagore
26.7.08
Ciclo do álcool
Francisco José Tenreiro (poeta santomense)