
Em doce deslizar                o dardo aceso
            vai penetrando túmido e fremente
            na desejosa e desejada gruta
            de um veludo já espumoso e cintilante
Poderá                a palavra ser essa vermelha cópula
            que atinge a cúpula na fundura incandescente
            e levanta o peito do mundo que uma serpente envolve
            como se fosse um harmónio de mercúrio branco?
Nada mais que                fugidios e cálidos fulgores
            se acendem na página e não o corpo intacto
            porque a palavra não atinge o alvo fulgurante
            que a faz mover em deslumbrado ardor
António Ramos Rosa