
aqui estou à tua espera nesta praça, 
onde não há pombos mansos mas tristeza 
e uma fonte por onde a água já não passa.
 
Das árvores não te falo pois estão nuas; 
das casas não vale a pena porque estão 
gastas pelo relógio e pelas luas 
e pelos olhos de quem espera em vão.
 
De mim podia falar-te, mas não sei 
que dizer-te desta história de maneira 
que te pareça natural a minha voz.
 
Só sei que passo aqui a tarde inteira
tecendo estes versos e a noite
que te há-de trazer e nos há-de deixar sós.
Eugénio de Andrade