Que rosas fugitivas foste ali! 
Requeriam-te os tapetes, e vieste... 
- Se me dói hoje o bem que me fizeste, 
É justo, porque muito te devi. 
Em que seda de afagos me envolvi 
Quando entraste, nas tardes que apareceste! 
Como fui de percal quando me deste 
Tua boca a beijar, que remordi... 
Pensei que fosse o meu o teu cansaço - 
Que seria entre nós um longo abraço 
O tédio que, tão esbelta, te curvava... 
E fugiste... Que importa? Se deixaste 
A lembrança violeta que animaste, 
Onde a minha saudade a Cor se trava?...
Mário de Sá-Carneiro
