É Natal, nunca estive tão só.
Nem sequer neva como nos versos 
do Pessoa ou nos bosques 
da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr 
entre o fulgor dos cravos 
e os diospiros ardendo na sombra.  
Quem assim tem o verão 
dentro de casa
não devia queixar-se de estar só,
não devia.
Eugénio de Andrade
