
Escrever agora é dispersar os reflexos, 
abrir as portas de pedra e repousar no ar. 
Ajoelhado junto de um barco ou de uma jarra, 
um deus respira e é um puro vazio. 
Para além dos signos e no início deles 
um sorriso, um fulgor das coisas confiantes. 
E nos muros e nos dedos, uma areia 
que das nuvens descesse e na distância 
a forma de uma braço amante, o sonho do outro. 
António Ramos Rosa