Choveu!
           E logo da terra humosa
           Irrompe o campo das liliáceas.
           Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
           Que vigor no campo das liliáceas!            
Calquem.
           Recal-quem, não o afogam.
           Deixem.
           Não calquem.
           Que tudo invadam.
           Não as extinguem.
           Porque as degradam?
           Para que as calcam?
           Não as afogam.
           Olhem o fogo que anda na serra.
           É a queimada...
           Que lumaréu!
           Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
           Que não apagam o lumaréu.
         
           Deixem!
           Não calquem!
           Deixem arder.
           Se aqui o pisam, rebenta além.
           - E se arde tudo?
           - Isso que tem?
           Deitam-lhe fogo, é para arder...            
Camilo Pessanha
      
