Em verdade Lisboa não estava ali para nos saudar. 
Eis-nos enfim transidos e quase perdidos  
no meio de guardas e aviões da Portela. 
Em verdade éramos o gado mais pobre  
d'África trazido àquele lugar  
e como folhas varridas pela vassoura do vento  
nossos paramentos de presunção e de casta. 
E quando mais tarde surpreendemos o espanto  
da mulher que vendia maçãs  
e queria saber donde... ao que vínhamos 
descobrimos o logro a circular no coração do Império. 
Porém o desencanto, que desce ao peito  
e trepa a montanha, 
necessita da levedura que o tempo fornece. 
E num caminhão, por entre caixotes e resquícios da véspera,  
fomos seguindo nosso destino 
naquela manhã friorenta e molhada por chuviscos d'inverno 
 
