XV
Ó céus! Que sinto n'alma! Que tormento!
            Que repentino frenesi me anseia!
            Que veneno a ferver de veia em veia
            Me gasta a vida, me desfaz o alento!           
Tal era, doce amada, o meu lamento;
            Eis que esse deus, que em prantos se recreia,
            Me diz: - ¨A que se expõe quem não receia
            Contemplar Ursulina um só momento!           
¨Insano! Eu bem te vi dentre a luz pura
            De seus olhos travessos, e co´ um tiro
            Puni tua sacrílega loucura:           
De morte, por piedade hoje te firo;
            Vai pois, vai merecer na sepultura
            A tua linda ingrata algum suspiro.
Bocage