XIII
                      Os garços olhos em que Amor brincava
           Os rubros lábios, em que Amor se ria,
           As longas tranças, de que Amor pendia,
           As lindas faces, onde Amor Brilhava:           
As melindrosas mãos, que Amor beijava,
           Os níveos braços, onde Amor dormia,
           Foram dados, Armânia, à terra fria,
           Pelo fatal poder que a tudo agrava.           
Seguiu-te Amor ao tácito jazigo,
           Entre as irmãs cobertas de amargura;
           E eu que faço (ai de mim!) como não os sigo!           
Que há no mundo que ver, se a formosura,
           Se Amor, se as Graças, se o prazer contigo
           Jazem no eterno da sepultura?
Bocage
