XI
                       Olha, Marília, as flautas dos pastores
           Que bem que soam, como estão cadentes!
           Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
           Os Zéfiros brincar por entre flores?           
Vê como ali beijando-se os Amores
           Incitam nossos ósculos ardentes!
           Ei-las de planta em planta as inocentes,
           As vagas borboletas de mil cores.           
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
           Ora nas folgas a abelhinha pára,
           Ora nos ares sussurando gira:           
Que alegre campo! Que amanhã tão clara!
           Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
           Mais tristeza que a morte me causara.
Bocage
 
