Noite, irmã da Razão e irmã da Morte,
            Quantas vezes tenho eu interrogado
            Teu verbo, teu oráculo sagrado,
            Confidente e intérprete da Sorte!           
Aonde são teus sóis, como corte
            De almas inquietas, que conduz o Fado?
            E o homem porque vaga desolado
            E em vão busca a certeza que o conforte?           
Mas, na pompa de imenso funeral,
            Muda, a noite, sinistra e triunfal,
            Passa volvendo as horas vagarosas...           
É tudo, em torno a mim, dúvida e luto;
            E, perdido num sonho imenso, escuto
            O suspiro das coisas tenebrosas...
Antero de Quental