Intimidade   

Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se te não comparo a rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...
Anda-me às vezes a cabeça a roda,
           Atrás de ti também, flor caprichosa!
           Nem pode haver, na multidão ruidosa,
           Coisa mais linda, mais absurda e doida.           
Mas é na intimidade e no segredo,
           Quando tu coras e sorris a medo,
           Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!           
E não te quero nunca tanto (ouve isto)
           Como quando por ti, por mim, por Cristo,
           Juras - mentindo - que me tens amor...          
Antero de Quental