VIII
Aflito coração, que o teu tormento,
            Que os teus desejos tácito devoras,
            E ao doce objeto, ás perfeições adoras,
            Só te vás explicar co(m) pensamento.           
Infeliz coração, recobra alento,
            Seca as inúteis lágrimas, que choras;
            Tu cevas o teu mal, porque demoras
            Os vôos ao ditoso atrevimento.           
Inflama surdos ais, que o medo esfria;
            Um bem tão suspirado, e tão subido,
            Como se há de ganhar sem ousadia?           
Ao vencedor afoute-se o vencido;
            Longe o respeito, longe a cobardia;
            Morres de fraco? Morres de atrevido.
Bocage