Se eu pudesse, diria eternamente
            Aos flagelados e desiludidos,
            Que sobre a Terra os grandes bens perdidos
            São a posse da luz resplancente.           
A dor mais rude, a mágoa mais pungente,
            Os soluços, os prantos, os gemidos
            Entre as almas são louros repartidos
            Muito longe da Terra impenitente.           
Oh! se eu pudesse, iria em altos brados
            Libertar corações escravizados
            Sob o guante de enigmas profundos!           
Mas, dizei-lhes, ó vós que estais na Terra,
            Que a luz espiritual da dor encerra
            A ventura imortal de outros mundos!
Antero de Quental