IV
Chorosos versos meus desentoados,
            Sem arte, sem beleza, e sem brandura,
            Urdidos pela mão da Desventura,
            Pela baça tristeza envenenados;           
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
            No mudo esquecimento a sepultura;
            Se os ditosos vos lerem sem ternura,
            Ler-vos-ão com ternura os desgraçados           
Não vos inspire, ó versos, cobardia
            Da sátira mordaz o furor louco,
            Da maldizente voz a tirania.           
Desculpa tendes, se valeis tão pouco;
            Que não pode cantar com melodia
            Um peito, de gemer cansado e rouco.
Bocage